A nostalgia é um sentimento que tem forma. Ela também pode despertar um cheiro ou um sabor, dependendo do foco daquela lembrança. Para mim, a nostalgia tem uma trilha sonora: o álbum Jagged Little Pill, de Alanis Morissette.
O disco foi lançado em junho de 1995, quando este autor estava prestes a completar dois anos de idade, e os acordes da faixa de abertura “All I Really Want” têm o poder de me transportar de volta para aquela idade.
Como eu, milhões de fãs de Rock nascidos nos anos 1990 foram profundamente marcados por esse disco – além, é claro, da própria geração de Alanis, que tinha só 21 anos na época e descreveu nas letras alguns traumas compartilhados entre mulheres que viveram a adolescência nos anos 1980.
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Alanis Morissette já era uma estrela Pop no Canadá
Jagged Little Pill nasceu de um verdadeiro “despertar emocional” de Alanis, que se mudou para Los Angeles depois de se tornar uma sensação da música Pop no Canadá.
Enquanto ainda morava com os pais em Ottawa, ela lançou os álbuns Alanis (1991) – que ganhou certificado de Platina no país – e Now Is the Time (1992). Acontece que esses trabalhos não refletiam os abusos que a cantora sofreu na juventude, algo que ela só conseguiria colocar em palavras depois da mudança para os EUA.
Na “Cidade dos Anjos” ela conheceu o produtor Glen Ballard, que já havia trabalhado com artistas consagrados como Michael Jackson, Aretha Franklin e Chaka Khan.
Alanis e Glen tiveram uma conexão imediata e o produtor sugeriu uma abordagem diferente para a compositora: gravar uma música por dia enquanto elas ainda estavam sendo escritas, sem muito tempo para repensar a letra ou as melodias.
O encontro de Alanis Morissette e o produtor Glen Ballard
Quando hoje escutamos esse álbum repleto de hits, é difícil imaginar que canções como “Ironic” foram escritas em menos de 15 minutos, e que os vocais que ouvimos de Alanis são os mesmos que ela gravou na casa de Glen Ballard em 1994.
Já a instrumentação das músicas foi refeita em estúdio com o auxílio de estrelas do Rock em meados daquela década. O single principal “You Oughta Know”, por exemplo, contou com o baixista Flea e o guitarrista Dave Navarro, na época ambos integrantes do Red Hot Chili Peppers.
Outros sucessos como “You Learn”, “Hand in My Pocket” e “Head Over Feet” abordam temas delicados como traição e manipulação emocional, sempre mesclando a agressividade das guitarras distorcidas com elementos mais suaves como a gaita e o violão, e uma boa dose de humor e ironia.
Destaque ainda para a música acapella “Your House”, que entrou no álbum como faixa escondida, com sua letra sofrida e altamente confessional. Ela ganhou uma versão acústica eventualmente, mas nos shows Alanis tinha a coragem de apresentar a versão sem instrumentos, o que rendeu apresentações icônicas – assista abaixo.
O resultado foi um álbum que quebrou barreiras de estilos musicais – com toques de Grunge, Folk e Pop, Jagged Little Pill acabou sendo considerado uma pérola do Rock Alternativo.
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Jagged Little Pill se tornou um dos maiores álbuns da história
O terceiro disco de Alanis Morissette foi indicado a nove prêmios Grammy e venceu cinco, incluindo Álbum do Ano em 1996.
Atualmente já vendeu quase 35 milhões de cópias pelo mundo e 17 milhões só nos EUA, sendo um dos mais bem-sucedidos comercialmente de todos os tempos. Das 10 faixas mais reproduzidas da artista nos streamings hoje, seis são de Jagged Little Pill.
O álbum foi como uma pedra fundamental para toda uma geração de cantoras e compositoras, inclundo Avril Lavigne, Fiona Apple, Pink, Kelly Clarkson e mais.
Jagged Little Pill também foi transformado em musical da Broadway e rendeu turnês com ingressos esgotados por todo mundo agora, nos anos 2020. Aliás, Alanis estará no Lollapalooza Brasil em 2025 apresentando alguns dos clássicos do disco.
Só sei que, quando preciso de um amigo, este é um dos primeiros álbuns que eu procuro. Se você está nessa, recomendo fortemente o play abaixo!
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