Se atualmente Eminem está “matando” o principal personagem de sua carreira com o novo álbum The Death of Slim Shady, podemos tentar buscar na história deste século quando foi que o rapper se tornou um verdadeiro ícone do Hip Hop.
No início dos anos 2000, Eminem estava completando 30 anos de idade com quatro álbuns lançados, hits como “Stan”, “The Real Slim Shady” e “Without Me” e três prêmios Grammy no currículo.
Mas foi em 8 de novembro de 2002 que o cantor nascido no Missouri conquistou o planeta graças ao seu talento também como ator, quando foi lançado o filme semi-biográfico 8 Mile.
O longa dirigido por Curtis Hanson (Los Angeles: Cidade Proibida, Tudo Por Um Sonho), que custou US$ 40 milhões para ser produzido, faturou US$ 51 milhões na primeira semana e mais de US$ 240 milhões de bilheteria total.
8 Mile também rendeu a Eminem o Oscar de Melhor Canção Original por “Lose Yourself”, marcando a primeira vez que um artista de Rap conquistou a estatueta.
Neste especial, vamos te contar mais sobre a história do filme que está completando 22 anos de lançamento em 2024, a questão racial envolvida, curiosidades de bastidores e a experiência (traumática) de Eminem como ator de Hollywood.
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A história de 8 Mile e a questão racial no Rap dos anos 2000
O filme se passa na Detroit de meados dos anos 1990, e Eminem interpreta um jovem e talentoso MC chamado Jimmy Smith Jr., também conhecido como B-Rabbit, que vive com a mãe alcoólatra e trabalha como mecânico para sobreviver.
A ideia de retratar a ascensão do Rap como forma de expressão dos marginalizados nos EUA partiu do produtor Brian Grazer (Uma Mente Brilhante, Meu Primeiro Amor), que sonhava em fazer um longa similar ao que Os Embalos de Sábado à Noite (1977) representou para a Disco Music.
Grazer conheceu Eminem pela primeira vez assistindo à MTV, e ficou impressionado como o rapper transitava entre um “olhar gelado, urbano e assustador” para um “personagem fluido, modesto e divertido”.
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No enredo de 8 Mile, B-Rabbit faz exatamente essa transição através das batalhas de Rap, um fenômeno cultural considerado underground e que não tinha sido retratado em Hollywood até então.
Nas cenas finais do filme (atenção para o spoiler), o personagem de Eminem conquista o respeito de seus pares fazendo algo similar ao que ele fez na vida real: uma espécie de “auto diss“, ou seja, criar versos depreciativos sobre si mesmo para “desarmar” seus oponentes.
Em entrevista à Rolling Stone em 2002, o rapper disse que essa tática foi necessária para se posicionar como artista de Rap branco, num estilo criado e carregado pela comunidade negra:
“Eu não interpreto eu mesmo no filme. Há similaridades porque o roteirista sentou comigo e quis saber acontecimentos da minha vida, que acabaram sendo usados no filme. [A história] É antes das mortes de Tupac e Biggie, em 1995. Atualmente é mais aceitável pessoas brancas fazendo música negra, e vice-versa, as barreiras estão menores.
Mas é óbvio para mim que eu vendo o dobro de álbuns porque sou branco. No meu coração, realmente acredito que tenho talento, mas também não sou estúpido. Eu sei que, quando comecei a carreira, ter sido produzido por Dr. Dre tornou ‘cool’ e aceitável para os jovens brancos gostarem de mim”.
Eminem “traumatizou”, mas 50 Cent quer resgatar o projeto
Eminem perdeu mais de 10kg para o papel, e o ritmo de gravações foi tão extenuante que ele precisou compor as músicas da trilha sonora, inclusive “Lose Yourself”, durante os intervalos entre as cenas.
Em maio de 2002 ele já havia lançado seu quarto disco, The Eminem Show, e encerrar aquele ano interpretando no cinema um personagem tão próximo de sua própria experiência pessoal foi uma experiência que ele definiu como “cansativa emocional e fisicamente”.
De lá pra cá, o rapper fez algumas participações em filmes, séries e especiais de TV, mas nunca mais protagonizou um grande projeto para as telonas.
Apesar disso, Eminem apoiou a ideia recente do amigo 50 Cent, que quer criar uma série para a televisão baseada na história de 8 Mile. O projeto ainda não tem data para estrear, mas o objetivo de Curtis é “consolidar a importância de Eminem para a história do Rap”.
Enquanto isso, você pode relembrar o legado do filme assistindo o trailer abaixo! Se ainda não assistiu o longa completo, ele está disponível atualmente na Netflix e para aluguel no Prime Video e AppleTV.
