REVIEW

Bad Bunny retorna às suas raízes em "DeBÍ TiRAR MáS FOToS", um manifesto cultural e político sobre Porto Rico

No auge de sua carreira global, o artista celebra as tradições de sua terra natal ao misturar ritmos locais e modernos

CAPA Bad Bunny
Foto: CHRISTOPHER GREGORY-RIVERA

O cantor Bad Bunny nos entrega, em seu sexto álbum solo DeBÍ TiRAR MáS FOToS, uma jornada musical que transcende sua própria carreira e se torna uma celebração das raízes culturais de Porto Rico. Depois do sombrio e introspectivo Nadie Sabe Lo Que Va a Pasar Mañana (2023), Benito retorna ao ponto de partida: sua terra natal.

Neste trabalho, ele não apenas homenageia gêneros musicais tradicionais como salsa, plena e bolero, mas também os funde com o reggaeton e o dembow, criando uma experiência auditiva tão diversa quanto emocionante.

O álbum é uma ode às memórias e à resistência cultural, evidenciada desde a faixa de abertura, “NUEVAYoL”, que reinterpreta o clássico “Un Verano en Nueva York”, do El Gran Combo, e mescla com batidas de dembow. Essa interseção entre passado e presente é a essência do disco: cada nota e letra relembram que Porto Rico, com toda sua riqueza cultural, está no cerne da música urbana global.

Enquanto Un Verano Sin Ti (2022) celebrou o verão tropical com produções pop-relaxantes, DeBÍ TiRAR MáS FOToS opta por algo mais visceral. Benito apresenta canções como “DtMF”, onde mistura ritmos tradicionais como plena com beats eletrônicos que fazem lembrar obras do seu passado.

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Um álbum político

Os versos trazem uma maturidade que reflete sua nova filosofia de vida: “Ya no estamo’ pa’ la movie’ y las cadena / ‘Tamos pa’ las cosa’ que valgan la pena” (“Não estamos mais para ostentações e correntes / Estamos para as coisas que realmente importam”).

A temática política também ressurge com força. Em “LO QUE LE PASÓ A HAWAii”, Bad Bunny aborda questões como colonialismo e gentrificação, traçando paralelos entre a luta de Porto Rico por soberania e a situação do Havaí.

O álbum também presta homenagem à rica história política e cultural porto-riquenha, com faixas que evocam figuras históricas e movimentos de resistência. Essa narrativa é ampliada pelos visualizers lançados no YouTube, que incluem mensagens escritas pelo historiador Jorell Meléndez-Badillo, destacando heróis da justiça social como Luisa Capetillo, que liderou um movimento feminista porto-riquenho.

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As vulnerabilidades de Bad Bunny

Outro destaque são as colaborações com artistas locais. Em “PERFuMITO NUEVO”, a vibrante voz de RaiNao cria uma atmosfera sonhadora, enquanto “CAFé CON RON” traz Los Pleneros de la Cresta em uma celebração da plena, combinada com percussão exuberante. Em “WELTiTA”, a junção de bateria de bomba com produção eletrônica resulta em uma experiência alegre e inovadora.

As reflexões pessoais de Benito também têm grande destaque. Faixas como “TURiSTA” e “BOKeTE” são melancólicas e reveladoras, explorando temas como solidão e arrependimento. A vulnerabilidade em “BAILE INoLVIDABLE”, com seu refrão poderoso, mostra um artista disposto a abraçar suas emoções mais profundas enquanto reimagina a salsa como uma festa nostálgica que captura a essência do Caribe.

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O álbum culmina em “LA MuDANZA”, uma declaração de amor eterno à ilha e de resistência à corrupção e gentrificação que ameaçam o futuro dos porto-riquenhos. Bad Bunny não só reafirma sua identidade como orgulhoso boricua, mas também estabelece DeBÍ TiRAR MáS FOToS como um marco em sua trajetória.

Este álbum não é apenas um retorno às raízes; é um manifesto musical e político que consolida Bad Bunny como um dos artistas mais visionários de sua geração.

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