Os curitibanos do Namorada Belga lançaram no ano passado um disco homônimo, produzido por Plinio Profeta e que traz a banda viajando por diversos estilos entre o pop/rock, o indie e até o reggae, em um trabalho que se destacou entre os lançados no país em 2011.
Participando agora de uma extensa turnê que irá passar por várias regiões do país até o final do ano, a banda encontrou um tempinho para responder às nossas perguntas e você confere a entrevista que fizemos com Lucas Sfair logo abaixo.
TMDQA!: Conte-nos um pouco como vocês se conheceram e como surgiu a banda.
Lucas: Dois cabeludos. Um loiro, outro moreno. Atendiam por Pirata & Cigano. Caras de bicho-grilo. Foi no trote da faculdade que eu conheci os dois guitarristas da banda, hoje simplesmente Eduzera e Allanzera. Nossa primeira conversa foi sobre montar um grupo sertanejo. Caras de pau. A segunda, lembro-me com flashes de memória, foi realizada em cima de uma pick-up. Isso em 2008. Como já estamos formados, posso contar que inúmeras canções foram compostas durante as aulas – fora delas. Depois de colecionar uma quantia suficiente pra um disco, ou três, decidimos formalizar a banda. Assumi o vocal e fomos caçar baterista. Além do fator amizade, o Veiga entrou por ser um camaleão de ritmos. Mais tarde conheci o Eduardo Rosa, beatlemaníaco, fissurado por Hofner e afins (a cada 10 ilustrações de seu sketchbook 7 são o Paul McCartney).
TMDQA!: Vocês lançaram o primeiro disco há pouco tempo, como foi a experiência de entrar em estúdio pela primeira vez?
Lucas: Foi como um déja-vú. Eu já estava ambientado com o Nico’s Studio pois fazia uns bicos como técnico de som. Só que na hora de gravar foi diferente. Na verdade, foi um grande paradoxo. Eu queria tocar o coração das pessoas, mas só via paredes e janelas. Eu queria aquecer as almas, mas o ar condicionado tava no máximo. Dentro do estúdio a música tem um tom mais racional. Entende o que quero dizer? É preciso experiência para se sentir à vontade. Que nem fazer sexo – dizem.
TMDQA!: O produtor do álbum é o experiente Plinio Profeta. Como surgiu a ideia de convidá-lo para o trabalho e qual foi o tamanho de sua influencia no resultado final do álbum?
Lucas: O Plinio veio passar frio em Curitiba e a afinidade rolou. Ele tem um jeitão humano de trabalhar, um carioca “relax”. Pra ter ideia, depois de passarmos 25 horas emburacados no estúdio ele continuou a levantar cedo pra praticar yoga. Esse desprendimento fez com que cada integrante tivesse bastante liberdade pra por sua personalidade no disco. Era pra gente gravar em 10 dias, mas fizemos na metade do tempo. Os arranjos mudaram pouco ou quase nada em relação às prés. Foi tudo muito rápido, sem muita surpresa.
TMDQA!: A banda passa por diversos estilos em seu primeiro trabalho, indo do pop ao rock e ao indie em apenas algmas faixas, com um pé inclusive no reggae. Como vocês explicam essa fusão toda e a aparição de tantos estilos diferentes em seu trabalho?
Lucas: Liberdade. É assim que a gente define. Somos uma banda de compositores e sempre seremos. Por isso vai ser difícil (ou desnecessário) seguir uma linha musical. O Allan, guita, costuma dizer que nossas influências vão desde temas de desenho animado até um disco remasterizado dos Beatles. Sem problemas quanto a isso.
TMDQA!: O primeiro videoclipe da banda, para a faixa “Guaraná”, gravado em Curitiba, é belíssimo e muito bem feito. Como surgiu o roteiro para o vídeo e quanto tempo levaram as gravações?
Lucas: A ideia foi fazer algo simples e viável por questão de tempo e verba limitados. O desespero inicial era ter um videoclipe. Nossa sorte se chama Vinni Gennaro, promissor videomaker e amigo de longa data. A direção e fotografia são dele com assitência do Zeca Mileo. As gravações duraram 2 dias e foram feitas com apenas uma câmera. O roteiro foi vomitado pelo Eduardo Rosa após um ensaio. Pretendemos ousar mais nas próximas ideias, com prazo mais folgado.
TMDQA!: A banda está embarcando em uma extensa turnê pelo país inteiro, que deve ter datas até o final do ano. Como têm sido os shows dessa tour e quais são as expectativas para as próximas apresentações?
Lucas: Na hora do palco, existe um conforto emocional que supera os “perrengues” da estrada. Os shows têm sido maravilhosos, com bastante feedback do público. As expectativas são as melhores, sabemos que esse é só o começo. Quem quiser saber da turnê com mais detalhes, sugiro que acesse nosso Diário de Turnê aqui no blog Tenho Mais Discos Que Amigos.
TMDQA!: Podemos esperar mais um single retirado do disco homônimo para suceder “Guaraná”? Teremos um novo videoclipe?
Lucas: Tudo tem seu tempo. Se fosse possível, cada música viraria um filme. Posso adiantar que estamos trabalhando uma ideia para “Destemperamento”. E vou abrir o jogo para quem chegou até aqui da entrevista: passei o mês de fevereiro viajando a américa latina, entre Chile e Bolívia. Gravei bastante coisa e tou editando. Adivinhem pra qual música…
TMDQA!: Vocês são fãs de discos de vinil? Quais são os bolachões indispensáveis na coleção da banda?
Lucas: Completamente. Deve ter muito Chico Buarque, Beatles, Beach Boys, Bob Dylan, Louis Armstrong, Jethro Tull, Led Zeppelin, Pink Floyd, Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Novos Baianos e João Donato na coleção dessa galera. Só pra citar alguns.
TMDQA!: Vocês têm mais discos que amigos?
Lucas: Pensando bem, os discos são nossos próprios amigos. Nos fazem chorar de rir, rir de tanto chorar, são leais e não enjoam. Aliás, baixem nosso disco no site www.namoradabelga.com e comece uma amizade agora mesmo =)