Resenha: <b>NOFX - Self Entitled</b>

Banda lança décimo segundo disco de estúdio da carreira e foca na vida pessoal de seu vocalista.

NOFX - Self Entitled

NOFX - Self Entitled

O NOFX está de volta com seu décimo segundo disco de estúdio e uma carreira que poucas bandas no underground conseguiram, principalmente com tanto assédio de grandes gravadoras.

Sem dúvida alguma, a banda de Fat Mike, El Hefe, Smelly e Eric Melvin é um dos nomes mais importantes do punk rock e do hardcore e qualquer de seus lançamentos sempre gera muita atenção.

Como tem acontecido em todos os últimos discos da banda, Self Entitled também centraliza um tema (governo Bush em War On Errorism, política e religião em Wolves In Wolves’ Clothing e religião/ateísmo em Coaster), e dessa vez o foco principal é a vida pessoal de Fat Mike, vocalista da banda, como é possível perceber em “I, Fatty” e “Cell Out”.

Não é para menos. Recentemente o cara tornou-se um apreciador de inúmeras doses de bebidas destiladas e também do sadomasoquismo, tendo inclusive se divorciado de sua esposa e ido morar com uma dominatrix. Isso resultou em muitas letras a respeito do tema, como “I Believe In Goddess” e outras, que mesmo ao falarem de política, incorporam o sexo, como é o caso de “72 Hookers”, competente faixa de abertura do disco que diz que “quando todo mundo estiver recebendo boquetes, chegaremos à paz mundial.”

O disco traz o clássico som do NOFX, hardcore melódico imitado por tantas outras bandas, e também experimentações com elementos dos ídolos do grupo, como “Secret Society” e a própria “I Believe In Goddess” que fazem claras alusões a bandas de punk rock e hardcore dos anos 80 como Bad Religion e Black Flag.

Ao final do disco, o divórcio aparece na pele de “I’ve Got One Jelous Again, Again”, uma espécie de sequência a “We Got Two Jealous Agains”, do disco War On Errorism. Nessa música, Mike usa o disco Jealous Again, do Black Flag, para mostrar como ele e sua nova esposa compartilham do mesmo gosto musical ao ficarem com duas cópias de vários álbuns. Na música do novo disco, Fat lista os discos que conseguiu manter após o divórcio. E diz também que não ficou com a casa.

A última música do álbum, “Xmas Has Been X’ed” poderia facilmente estar no disco anterior, e até se assemelha bastante à faixa de encerramento de Coaster, “One Million Coasters”.

Em menos de meia hora o NOFX faz muito do que fez durante toda a carreira, com apenas um ou outro elemento novo, mas fica o mérito para uma banda que lançou seu primeiro álbum em 1988 e ainda grava álbuns consistentes que sabem falar de assuntos diferentes. São poucas as pessoas que conseguem expressar suas visões sobre religião e sexualidade em uma mesma frase: “Eu não acredito em Deus, mas acredito na Deusa / Eu não acredito em rezas, mas acredito em idolatria”.

Nota: 7,5/10